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SalvandoPatas

Panorama sobre a situação animal
no Brasil e em Ponta Grossa

A crescente população de pets no Brasil coexiste com desafios alarmantes de abandono, maus-tratos e reprodução irresponsável. Voluntários se dedicam a auxiliar os animais em situação de vulnerabilidade, porém, acabam sobrecarregados devido à falta de informação e responsabilidade da sociedade como um todo 

Sobre

Brasil é o terceiro país com a maior população de animais de estimação  no mundo, ficando apenas atrás dos Estados Unidos e da China.

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De acordo com o levantamento da Associação Brasileira de Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), hoje o país abriga cerca de 167,6 milhões de pets. Ao longo do tempo, eles ultrapassaram sua condição de meros animais e passaram a ser considerados membros da família por muitos. Criados com base em vínculos afetivos, eles têm como propósitos principais o lazer e companhia.

Por ANA BARBATO

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A maior parte dessa população é composta por cães, aves canoras e ornamentais, gatos, peixes ornamentais, entre outros. E a tendência é clara: os números só aumentam. Os dados relativos aos anos de 2019 a 2022 apontam para um crescimento contínuo da população de animais no Brasil.

Funcionalidades
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Fonte: Abinpet

ANIMAIS EM VULNERABILIDADE

Ao mesmo tempo em que a população de pets continua a aumentar, o panorama relacionado ao bem-estar animal é motivo de preocupação. Dados do Instituto Pet Brasil (IPB) revelam que o número de animais em situação de vulnerabilidade aumentou 126% entre os anos de 2018 a 2020 - foi de 3,9 milhões para 8,8 milhões. Os animais mais afetados são os cães (6,1 milhões) e gatos (2,7 milhões), que juntos representam 100% desse total (69,4% e 30,6% respectivamente).

Projetos

Presenciar cenas como essas de abandono em Ponta Grossa não é raro. Afinal, estima-se que, na cidade, mais de 40 mil animais estejam em situação de rua devido ao abandono por parte dos seus tutores, e aqueles animais que nasceram e cresceram nas ruas. “É um número muito grande; hoje nós temos mais animais de rua do que muitos municípios no Paraná”, afirma o ex-secretário Municipal do Meio Ambiente, Andre Pitela.

Além dos animais que não têm um lar, outra questão alarmante é o aumento dos casos de abuso e maus-tratos. Apenas em 2022, a Guarda Civil Municipal registrou 426 ocorrências, o que representa um aumento de 80,5% em relação a 2021, quando foram registradas 236.

ONGS, ABRIGOS E PROTETORES INDEPENDENTES

Na tentativa de ajudar os animais que estão em situações vulneráveis, voluntários de ONGs e abrigos e protetores individuais se mobilizam para oferecer condições de vida dignas aos bichinhos, cedendo teto, alimentação, cuidado e a oportunidade de serem adotados.

Em Ponta Grossa, foi constatada a existência de cinco ONGs e dois abrigos dedicados a essa causa, e como revela o levantamento realizado pela reportagem, cerca de 959 animais estão sob tutela dessas instituições. Apenas a SOS Bichos, ONG fundada em 2011, possui 374 animais, sendo a organização com maior número de animais na cidade. É importante ressaltar que esse número varia bastante, pois os resgates são realizados de forma contínua. É o caso, por exemplo, do Grupo de Auxílio aos Resgatinhos (GAR), que hoje abriga 26 gatos, mas já acolheu 90.

A cidade também conta com aproximadamente 35 protetores independentes, pessoas que não estão necessariamente vinculadas a alguma organização, mas que prestam assistência para animais em situação de risco. Geralmente, suas próprias casas tornam-se o local do abrigo e, assim como as instituições, precisam do apoio financeiro de terceiros para arcar com despesas veterinárias, alimentação e manutenção do local onde os animais ficam.

Como nem sempre é fácil de conseguir todo o dinheiro necessário, são organizadas rifas, sorteios, campanhas de arrecadação, bazares e entre outras ações. Além de prestar atendimento direto aos peludos, essas pessoas também são responsáveis por promover a conscientização da população sobre assuntos importantes que dizem respeito aos animais, como abandono, maus tratos e a importância da vacinação.

Contudo, o desafio surge quando toda a responsabilidade sob os animais recai sobre essas instituições e protetores independentes, quando, na verdade, é uma questão que abrange desde o momento da adoção até a formulação de políticas públicas.

Como apontado por Silvia Schultz em seu artigo Abandono de Animais - A dura realidade da vida nas ruas, publicado em 2009, ao mesmo tempo em que os animais enchem seus donos de alegria e preenchem suas necessidades emocionais, também demandam tempo, recursos financeiros e uma série de responsabilidades. Requerem alimentação de qualidade, educação e cuidados veterinários. Questões que, muitas vezes, não são negligenciadas momento da adoção, resultando no abandono e maus tratos.

Outro problema está relacionado a compra de animais por impulso. Em épocas festivas como o final do ano ou aniversários, muitos presenteiam seus amigos e parentes com filhotes, muitas vezes sem considerar a idade de quem será o tutor do animal, seu estilo de vida e quanto tempo têm disponível para se dedicar ao bichinho. É por essa razão que existe a campanha de conscientização contra o abandono Dezembro Verde, mês em que o número de animais abandonados aumenta consideravelmente devido às festividades e viagens em família.

Outra questão diretamente ligada ao abandono de animais diz respeito à reprodução irresponsável conduzida pelos criadores, e que também acontecem pela falta de castração. Muitos filhotes são abandonados após o nascimento por não encontrarem lares, ou devido a problemas de saúde resultantes do cruzamento entre raças sem controle genético, ou do desmame precoce antes dos 30 dias de vida, afetando o temperamento dos animais que podem se tornar agressivos, antissociais e medrosos.

Além disso, é importante destacar que o número de animais nas ruas pode aumentar significativamente, a qualquer momento, por conta do ciclo reprodutivo das fêmeas. As cadelas, por exemplo, entram no cio a cada seis meses, que pode ocorrer desde os seis meses de idade, cada ciclo tendo duração aproximada de 21 dias. Já as gatas podem entrar no cio desde os cinco meses de idade, e o ciclo pode se repetir a cada dois meses se não houver gestação.

O número de filhotes a cada ninhada varia de acordo com o porte e idade do animal, mas ainda assim pode ser um fator determinante para o aumento do número de animais em situação de rua.

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Uma das soluções mais eficazes para conter o crescimento do número de animais em situação de rua é a castração. Ponta Grossa possui o sistema de castração gratuita, oferecido pela Secretaria de Meio Ambiente. Em 2022, foram feitas 4.657 castrações. Já em 2023, a previsão é que chegue perto de 4.200.

“Temos que fazer esse controle, porque se não, daqui a pouco teremos uma população muito grande, e não será possível dar alimentação para todos e nem ter um controle”, afirma o ex-secretário do meio ambiente.

Porém, nem sempre as castrações são acessíveis para todos. Por isso, esses indivíduos geralmente recorrem à ONGs, ou os próprios protetores oferecem algum tipo de ajuda à famílias em vulnerabilidade.

Levando tudo isso em consideração, na próxima reportagem acompanharemos o trabalho da ONG Casa Los Lobos e Los Gatos, que atua prestando auxílio a animais e famílias da Ocupação Ericson John Duarte.

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